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Da noção de espíritos animais em René Descartes

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Na problemática do corpo o filósofo René Descartes a partir de suas investigações, sobretudo nas obras O tratado do Homem e As paixões da alma, pontua uma categoria que modernamente a neurociência irá fixar estudos, pormenorizando e identificando aquelas substâncias que atuam no corpo e que correspondem ao modo através do qual as sensações do corpo nos ocorrem e bem como podem atuar em nossos sentimentos ou afecções. Contudo, tais espíritos animais para Descartes consistem antes de tudo em uma matéria, que circula no próprio corpo, na medida em que tais espíritos correm através do sangue e recaem entre as concavidades do cérebro nos fazendo perceber, no caso especifico do corpo, o modo através do qual os estímulos são recebidos. Todavia, ao chamarmos estas substâncias do próprio corpo que correm o sangue e incidem em nosso cérebro, que Descartes chama de espíritos animais, não são uniformemente compreendidos, de modo que para cada estímulo externo um tipo diferente dentre os espíritos animais são impulsionados no corpo. Em nossa investigação pretendemos indicar que tais espíritos animais funcionam como uma espécie de mediação entre corpo e alma, de modo que compreendemos os movimentos dos espíritos animais no corpo como algo que possui não somente sua direção que vai do próprio corpo até a alma, alma que é compreendida como pensamento, bem como, compreendemos que os movimentos dos espíritos animais possuem também sua direção inversa, a saber, como tendo início no pensamento que por seu turno ativa o movimento de certos espíritos animais no corpo.

O presente trabalho foi publicado nos Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011), e foi escrito tendo como orientação a professora Cláudia Murta no Programa de Mestrado/Filosofia/UFES, e tendo como apoio a sua disciplina oferecida naquela ocasião.

Para conferir o artigo “Da noção de espíritos animais em René Descartes” de Abraão Carvalho, click aqui.

Para conferir na íntegra a publicação on line do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar, lançado em 2012, click aqui.

LIVRO DIGITAL: “COM O CÉREBRO ENTRE OS TRÓPICOS” (ENSAIOS E ARTIGOS)

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A ordenação que se segue no percurso da reunião dos textos, ensaios e artigos encontrados neste volume Com o cérebro entre os trópicos, que foi tomando alguma forma no raio de 2002 e janeiro de 2008, fora tecida não sem o diálogo com a tradição filosófica do pensamento moderno ocidental como encontramos em um dos artigos reunidos aqui de nome Entre Hegel, Marx, Bakunin e o filme O preço da ambição, em que as noções de reconhecimento e trabalho tratadas por Hegel e Marx, na Fenomenologia do Espírito e nos Manuscritos Econômico-filosóficos são os aspectos a serem perseguidos, fixando-se no problema da distinção da noção de reconhecimento em Hegel, Bakunin e no filme O preço da ambição de 1994, com Kevin Spacey (Beleza AmericanaA vida de David Gale).

Neste movimento de diálogo com a tradição filosófica do pensamento moderno ocidental, não é de nosso alvitre lançar ao esquecimento a perspectiva de que, ao fixarmos olhar em nossa experiência histórica, o que não nos afeta é justo a distância em relação a certo fio de pensamento que encontra em nomes como Tom Zé, Sérgio Buarque e Manguebeat, referências de uma mesma tradição de pensamento no Brasil. A saber, Com o cérebro entre os trópicos inscreve-se justo do lado oposto a algo como o emblema que aparece na obra de Rubem Fonseca, Áureo de Negromonte, o encantado com a nobreza do estrangeiro para o qual o pensar é mero adorno, signo de ostentação espalhafatosa: “meus canutilhos, meus paetês, meus estresses… tudo importado, do melhor…”

Neste sentido, Com o cérebro entre os trópicos se move não sem desvios, desde uma dinâmica atenta ao percurso dos vôos afrociberdélicos funkeados, sampleados e sambeados da Nação Zumbi e Orquestra Manguefônica, algo estranho ao fascínio de Áureo de Negromonte com o estrangeiro. Traço este deveras fixado nas vísceras de nossa experiência histórica e situado – incongruentemente, enquanto fascínio que embota o pensar – entre as zonas tórridas do planeta demarcadas pelos paralelos de Câncer e Capricórnio.

No artigo A cidade na ótica de Chico Science, percorremos uma interpretação do texto A cidade da canção de Chico Science & Nação Zumbi encontrada no álbum Da lama ao caos de 1994. Através do samba groove guitarrado swingado A cidade, acabamos por percorrer problemas que atravessam e persistem em nosso raio histórico, tais como o vínculo entre vigilância oficial e continuidade dos abismos sociais, sobretudo no que diz respeito à fotografia e sua relação com a identificação oficial do corpo e do indivíduo nos grandes centros e subúrbios urbanos, bem como, nos lançamos ao problema de pensarmos no sentido e horizonte, por nossas terras, em que se fixam as mediações cambiantes para a continuidade e prevalência de nossas fantasmagóricas bizarrices e incongruências sociais, sobretudo no que se refere à dimensão econômica, social e cultural.

No breve artigo de nome Mutantes, Picassos Falsos e Nação Zumbi: fios avessos de um mesmo tecido, percorremos indícios que demarcam o trabalho dos pernambucanos como antenado àquela tradição da música pop no Brasil que vai desde Os Mutantes nas décadas de 60 e 70, passando pelos Picassos Falsos na década de 80, até a década de 90 do século passado com o Manguebeat, procurando situar algumas de suas referências sonoras, sobretudo no que diz respeito às articulações entre influências globais como o rock, o funk, o dub e o soul, com certas referências territoriais, regionais ou nacionais como o samba e o repente. Ainda neste papo sobre som, apresentamos o artigo Tecnologia & música pop: o novo em experimento, em que percorremos algumas das possibilidades de relação entre as transformações tecnológicas e a música pop.

Em Experiência brasileira: entre Tom Zé, Sérgio Buarque e Aracruz Celulose, há um interesse em demarcar o sentido de “moderno”, “época moderna”, na leitura da experiência histórica brasileira. Nesta direção, nos fixamos no problema do sentido de falarmos que no Brasil estamos vivendo em um período moderno, tal como nos referimos à experiência histórica do hemisfério norte. Todavia, nos atentamos ao vínculo deste problema em relação ao horizonte de uso da terra no Brasil como aquele alvo do prometéico e feroz discurso de desenvolvimento e progresso.

O homem que comia diamantes: a fantasmagoria do arcaico sobre o moderno, move-se por entre as intersecções e mediações da literatura e do ensaísmo enquanto forma do pensar, que no Brasil se posicionaram radical e ironicamente em relação àquele outro modo de pensamento, que em sua forma por nossas terras, não passa de tema para caricatura, objeto de escárnio senão como aquele saber espalhafatoso, ostentoso, como signo de distinção cultural fundado que é no encobrimento da criação como culpa, que o lança para compensar, ao mero e raso fascínio com o estrangeiro em nossa experiência histórica.

O artigo Filosofia, a encruzilhada do conhecer, entre a criação e  a técnica realizou-se a partir de leituras do livro Conhecer é criar de Gilvan Fogel. Tais leituras ecoaram quando da oportunidade do contato com um breve artigo de Heidegger de nome Que é isto – a filosofia? O artigo que ora apresentamos trata de temas como a distinção da filosofia em relação à ciência, bem como, caminha em direção de demarcar como os afetos, o humor, dito de outro modo, a disposição, abrem o ser humano para o ser das coisas desta ou daquela maneira, algo que caminha em outra direção em relação à perspectiva da ciência, que demarca o ser das coisas desde a quantificação e repetibilidade dos fenômenos na natureza.

Em Ciência, natureza e sociedade nos lançamos à perspectiva de relacionar os temas propostos a partir de passagens do ensaio Racionalidade Tecnológica e Lógica da Dominação, de Herbert Marcuse, encontrado no livro Ideologia da Sociedade Industrial, com observações encontradas no artigo Que é isto – a filosofia? As relações entre natureza, sociedade e ciência, para não se deterem em abstrações sem algum rumo, caminham no sentido de aproximar algumas das posições de Marcuse em relação ao emprego da ciência e da técnica no mundo moderno, com a questão dos alimentos transgênicos, os organismos geneticamente modificados, e temas como a divisão técnica do trabalho, de certo problemas cristalizados em nosso raio histórico aos quais não escolhemos não ser afetados.

Com o cérebro entre os trópicos, além dos textos brevemente comentados compõe-se ainda dos artigos: Orquestra Manguefônica, Neoliberalismo e a negação do agir ético; Do conluio entre política, dissimulação e violência; Da relação entre o combate e o fogo no pensamento de Heráclito; Trabalho e manipulação do corpo e das vontades; Educação e sociedade: entre a técnica e a ojeriza ao pensar; A educação no ES: entre a lascívia da mediocridade e o fascínio pelo estrangeiro.

Nesta reunião de artigos, textos, ensaios, nossa perspectiva é fisgada pelo movimento de ser afetado por nossa experiência histórica não sob a ótica do fascínio ou da pena de pavão, mas de outro modo, que atende pela alcunha do sonoro Com o cérebro não tão somente ou meramente entre os trópicos, mas por mediação da literatura ao manguebeat, do ensaísmo à filosofia.

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LIVRO DIGITAL: "COM O CÉREBRO ENTRE OS TRÓPICOS"


 

FILOSOFIAIMAGEMPENSAMENTO (vídeo e áudio remix @abraaosoupower)

Vídeo produzido a partir de ensaios fotográficos produzidos em 2009 juntamente com slides com aforismos e imagens sobre filosofia, estes produzidos em 2010, utilizando uma tentativa de relação imagem pensamento, e ainda contou com uma mixagem de uma canção do grupo “Asian Dub Foundation”, “Return of django”, trilha sonora de peso!

Recursos materiais: uma câmera fotográfica 5.0 mega pixels um computador não muito velho e surrado, e…sobretudo, UMA IDEIA NA CABEÇA E UM ENTER NA MÃO.

Programas utilizados:  o Windows Movie Maker e um editor de fotos do Windows, e o editor de áudio do próprio windows.